PROTEUS EDUCAÇÃO PATRIMONIAL 22 ANOS

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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

PATRIMÔNIO CULTURAL - CONCEITOS - INTERVENÇÕES

A ÉTICA E TÉCNICA NO RESTAURO ARQUITETÔNICO

(...) Atribuir a falsidade a uma intervenção de restauro assim se explica: uma operação se evidencia como falsa quando é esta a sua intenção, não os seus meios.
(...)
Portanto, não é o uso de um material novo da mesma natureza do antigo, cuja consistência se desgastou que é condenado, mas o modo instrumental arbitrário que faz uso do monumento para fins que não têm nada a ver com a sua transmissão ao futuro.
(...)
Não é a reutilização do material e das técnicas que restitui a confiabilidade ao restauro, mas o reconhecimento da invariante no tempo, pela qual o conúbio entre as propriedades do material e a peculiaridade da técnica restituem a memória do testemunho. Em outras palavras, a lembrança viva e não a imitação passiva. No reconhecimento das técnicas obtém-se a invariante, ou seja, o percurso da força ao longo da continuidade da matéria, e, não, o expediente que substitui matéria por matéria, sem a compreensão da força e da intenção que a permeiam.

Qualquer expressão das artes figurativas se exprime através da matéria e esta, como se sabe, é perecível, mas sua imagem não o é. É por isto que, nos pontos de tangência entre o testemunho da memória e o restauro, deve poder ser representada, de forma reconhecível, aquela linha de continuidade que liga uma expressão à outra, um estrato ao outro, uma cultura à outra, com discernimento e paciente abnegação.
Eis o preço da ética da intervenção.


(Mauro Civita. Anais do Seminário Internacional Preservação: a ética das intervenções – 04 de dezembro de 1996.pág.33 a 40)





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